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Foto do escritorMarcelo Vedolin

Taxa de Juros: Divergência econômica

À medida que o índice S&P 500 se aproxima de um novo recorde histórico, os mercados financeiros parecem cada vez mais desacreditar a visão pessimista do Federal Reserve em relação à inflação.


Na última quinta-feira, o otimismo continuou a impulsionar o mercado.


Com o S&P 500 prestes a romper novos patamares, investidores enxergaram sinais de alívio inflacionário, embora essa não seja a percepção compartilhada pelos estrategistas do Fed.


O distanciamento entre a confiança dos investidores e a cautela do banco central se acentuou mais uma vez.

Após a divulgação de um relatório tímido do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na quarta-feira, os mercados futuros passaram a precificar dois cortes nas taxas de juros ainda este ano, desencadeando uma onda de compras de ações e títulos.


Contudo, essa expectativa pode ser precipitada.


A projeção “dot plot” do Fed, também divulgada na quarta-feira, antevê apenas um corte de taxa em 2024, bem abaixo da previsão anterior de três cortes. **


Essa postura mais rígida do Fed reflete o temor de que a inflação permaneça acima dos níveis confortáveis.


Esse cenário coloca o Fed em uma posição mais agressiva em comparação a outros bancos centrais, especialmente os europeus, que são esperados a reduzir os custos de crédito várias vezes neste ano.


A Casa Branca, por sua vez, já abandonou esperanças de um alívio similar.


Jay Powell, presidente do Fed, tentou temperar as expectativas durante sua coletiva de imprensa na quarta-feira.


Powell reiterou que a inflação ainda está acima da meta de 2% do banco central e que o poder de compra das famílias americanas diminuiu nos últimos dois anos.


Ele alertou que um corte prematuro nas taxas "poderia acabar desfazendo muitos dos avanços que alcançamos".


Ainda assim, muitos observadores de mercado permanecem céticos.


O relatório do IPC mostrou que, em maio, os preços ao consumidor tiveram o menor aumento em três anos.


Diante disso, a previsão do Fed de um único corte foi vista por Charlie Ripley, estrategista de investimentos da Allianz Investment Management, como "uma visão excessivamente sombria sobre o progresso da inflação".


O otimismo, no entanto, predomina nos mercados.

O S&P 500 registrou uma alta de quase 14% este ano, superando amplamente as expectativas dos analistas de Wall Street no início de 2024, apesar de um número crescente de empresas reportarem uma desaceleração nos gastos dos consumidores.


Os economistas extraíram algumas conclusões chave dos relatórios do IPC e do Fed divulgados na quarta-feira:


Um sinal positivo foi o aumento anualizado do IPC de 3,3%, embora tenha permanecido estável em termos mensais.


A redução da inflação relacionada a gasolina, automóveis e passagens aéreas contribuiu para essa estabilidade.


Mais preocupante foi a alta de 0,4% nos custos de habitação em termos mensais, desafiando novamente as expectativas dos analistas de algum alívio para as famílias.


Em um horizonte mais longo, a última previsão do Fed indica menos cortes nas taxas este ano, mas prevê quatro cortes para o próximo ano.


Além disso, espera-se que a taxa de empréstimo preferencial caia para cerca de 2,8% até o final de 2026, abaixo dos atuais 5,25% a 5,5%.


O desenrolar deste cenário revela um mercado que mantém um otimismo resiliente, apesar dos sinais cautelosos do banco central.


Resta saber se essa confiança será justificada nos próximos meses, à medida que os dados econômicos continuem a moldar a política monetária dos EUA.


** A projeção "dot plot" é um gráfico utilizado pelo Federal Reserve (Fed) para mostrar as expectativas dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) em relação às futuras taxas de juros.

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